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Felipe Zmoginski

Aéreas da China oferecerão voos comerciais supersônicos

Felipe Zmoginski

09/05/2018 04h00


Jatos da Boom fariam rota São Paulo – Beijing em módicas 7horas e 30 minutos

Se você não é um piloto de caças militares, uma viagem transcontinental só pode ser feita a modestos 800 km/h. Para quem, como eu, já encarou a ponte área São Paulo – Beijing uma dúzia de vezes, significa apertar-se em assentos econômicos por torturantes 30 horas, entre embarques, traslados e conexões.

Esta semana, porém, a operadora de viagens online sediada em Xangai Ctrip, uma companhia de capital aberto avaliada em US$ 45 bilhões, anunciou investimentos na startup americana de jatos comercias supersônicos Boom. Além da companhia de Xangai, apenas a Virgin, de Richard Branson, e a Japan Airlines, fecharam acordos com a Boom para oferecer seus jatos que viajam a 2335 km/h em voos comerciais.

Ok, jatos supersônicos não são exatamente uma novidade. Nos anos 70, o consórcio anglo-francês Concorde já ofereceu voos similares. Eram rápidos, registre-se, mas tão caros e poluentes que acabaram economicamente inviabilizados no início dos anos 2000.

As aeronaves da Boom, produzidas com fuselagem de fibra de carbono e motores sete vezes mais eficientes que os antigos Concordes, prometem viagens silenciosas, de relativo baixo consumo de querosene e, claro, velozes, muito velozes.

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De acordo com comunicado divulgado, esta semana, pela Ctrip, não há lugar melhor no mundo para iniciar testes comerciais dos novos jatos que a China, único país do mundo que supera a marca de 130 milhões de decolagens aéreas por ano. De acordo com a China Tourism Academy, uma entidade estatal de fomento ao turismo na China, só em 2017 a indústria aérea local movimentou US$ 115 bilhões.  "Acreditamos que uma parte dos passageiros que vem à China estão dispostos a pagar um pouco mais para viajar em menos da metade do tempo", diz o comunicado da Ctrip.

Segundo a Ctrip, os primeiros voos supersônicos devem ligar a capital do país, Beijing, aos Estados Unidos e a Austrália, dois dos maiores parceiros comerciais da nação asiática.  As aeronaves supersônicas serão capazes de reduzir de 14 horas para menos de 5 horas o trajeto entre Nova York e a capital da China. Se estivesse disponível na rota entre São Paulo e Beijing, o tempo de viagem seria de 7h35min, sem contar eventual parada para reabastecimento. Bem melhor que ficar 30 horas sobrevoando a Terra, não?

Naturalmente, o custo da passagem não deve ser baixo. Os aviões da Boom, mesmo com inovações para controle de consumo de combustível, poderão transportar, no máximo, 50 passageiros.  Alguns especialistas estimam que o ticket para embarcar em um jato do tipo custe algo entre o preço médio de uma passagem executiva e uma de primeira classe. Não há dúvidas de que existe uma classe de passageiros passageiros, como os viajantes a negócios, que poderiam arcar com tais custos.

Um dos novos centros mundiais de negócios e país que manda para o exterior milhões de passageiros todos os anos, a China tem a escala econômica ideal para o início dos testes comerciais da nova tecnologia aeronautica.

O valor investido pela Ctrip na Boom não foi revelado; bem como o comunicado público não indica qual companhia áerea chinesa terá a primazia de estrear os voos supersônicos, que poderão estrear em até três anos.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.