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Felipe Zmoginski

Metrô de Pequim trocará catracas por reconhecimento facial

Felipe Zmoginski

23/05/2018 04h00


Metrô de Pequim: expansão veloz e uso intenso de tecnologia

Você abriria mão de (um pouco mais) de sua privacidade em troca de conveniência? Os usuários do metrô de Pequim, que transporta 10 milhões de passageiros por dia, serão convidados, ainda este ano, a passar por câmeras de reconhecimento facial antes de embarcar nos trens subterrâneos da capital chinesa.

Quem já visitou a China sabe que, além de validar seu tíquete nas catracas, é preciso passar por um detector de metais e submeter bolsas e mochilas a uma máquina de raio-x.  A prática de segurança é adotada há mais de dez anos e visa evitar ataques terroristas no transporte público do país. Ataques a bomba acontecem com relativa frequência na China, embora sejam pouco divulgados dentro e fora do país, em função do estrito controle que este tipo de assunto recebe das autoridades legais.

De acordo com anúncio feito por um porta-voz do Beijing Metro Network Control Center, inicialmente o sistema de reconhecimento facial será implementado nas linhas 10 e 4, as mais populares da cidade, e servirá para dispensar a fila de checagem de segurança. Quem se cadastrar previamente, poderá passar por câmeras de reconhecimento facial e seguir para as catracas, evitando as filas de checagem de segurança.


Checagem de segurança no metrô: raio-X eleva tempo de embarque

O próximo passo será ampliar a experiência para outras linhas e, no médio prazo, em data não definida, dispensar totalmente os passageiros de passar por catracas. Uma vez que seu rosto tenha sido validado nas câmeras de biometria, o custo da passagem será debitado de uma carteira virtual, associada a seu número de telefone e sua viagem autorizada.  A implementação plena desta tecnologia em todas as 22 linhas e 370 estações do metrô local não tem prazo determinado para acontecer.

Pagar o metrô de Pequim com carteiras virtuais, como Ali Pay e  WeChat Pay, é possível desde o final de abril. Catracas especiais, com QR Codes impressos, permitem que usuários sem bilhetes físicos simplesmente escaneiem o código colado nas roletas com o celular e autorizem uma transferência eletrônica para o metrô local.


Usuários "escaneiam" codigo QR para pagar passagem de metrô

O uso de reconhecimento facial, no entanto, é um passo mais avançado na adoção de tecnologias digitais pelo metrô pequinês e uma tendência no país. Desde 2017, grandes serviços de e-commerce, como Alibaba, usam biometria de reconhecimento facial para validar compras online consideradas "fora de padrão". Nestas ocasiões, o consumidor é convidado a abrir a câmera de seu notebook ou celular para provar, com uma imagem de seu rosto "ao vivo" que, de fato, está fazendo a compra em questão.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.