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Felipe Zmoginski

China testa caminhão autônomo que roda a 80 km/h

Felipe Zmoginski

30/05/2018 04h00


Xing Long carrega 40 toneladas e dispensa motorista a bordo

Uma parceria entre a gigante chinesa de logística Suning e a empresa de tecnologia Plus AI realizou nesta semana o primeiro teste real de seu caminhão autônomo, chamado de Xing Long, algo como "Dragão que passeia".

Nos testes realizados, o caminhão carregado com 40 toneladas de produtos saiu da garagem da Suning, na periferia de Xangai, e rodou por 20 quilômetros, acessando uma auto-estrada e retornando a seu ponto de origem. Durante os testes, o caminhão atingiu a velocidade máxima de 80 quilômetros por hora e foi submetido a situações controladas de stress, como o aparecimento súbito de um pedestre na pista.

De acordo com a Suning, o Xing Long foi capaz de ver o pedestre com 300 metros de antecedência e deslocar-se apenas 100 metros após detectar o obstáculo, em pista seca e quando estava a 78 km/h. Por questões de segurança, um caminhoneiro humano acompanhou todos os testes de dentro da boleia. Sua intervenção, no entanto, foi desnecessária ao longo de todo o percurso.

Segundo Zhang Jindong, chairman da Suning, o uso de tecnologias de inteligência artificial reduzirá os custos com logística no país, além de diminuir a ocorrência de acidentes. "Entregas pesadas feitas por veículos autônomos é nossa grande aposta para os próximos anos, pois máquinas não precisam de paradas de descanso, não ficam cansadas ou saem da rota pré-programada", afirmou Jindong. Atualmente, a Suning possui 100 mil caminhoneiros humanos contratados.

Central de controle da Suning: transmissão em tempo real de viagens autônomas

A solução autônoma também evitaria roubos de cargas, uma vez que não há um motorista humano que possa ser ameaçado. O Xing Long não abre suas portas para descarga antes de chegar ao destino final ou sem a autorização de seus controladores, que ficam na sede da Suning, em uma central de monitoramento. Além disso, o caminhão transmite imagens, em tempo real, para a central de controle.

No teste realizado, o caminhão autônomo recebeu o input com a rota definida diretamente dentro da cabine e partiu apenas no horário programado. Durante a viagem, o Xing Long foi capaz de reduzir a velocidade quando a pista apresentou buracos e acelerar quando o trânsito esteve livre.

De acordo com a Plus AI, empresa que implementou radares de detecção de obstáculos no Xing Long, o caminhão estava equipado com 12 detectores infravermelhos, capazes de enxergar mesmo no escuro e sob neblina, além dos sensores LiDAR. Os equipamentos LiDAR são alvo de uma controvérsia entre carros autônomos no mundo, pois suspeita-se que uma falha associada a eles foi a responsável pelo acidente que matou uma ciclista no Arizona, Estados Unidos, em março deste ano.

As autoridades de transporte chinesas declararam, após os testes da Suning, que acompanham com interesse a evolução tecnológica dos caminhões mas que, no momento, não são permitidas viagens comerciais deste tipo no país. Atualmente, o Xing Long é classificado como nível 4 em segurança, em uma escala que vai de 1 a 5.  Os fabricantes esperam realizar mais testes até o final de 2018, quando pedirão autorização formal às autoridades locais para seu uso em operações comerciais.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.