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Felipe Zmoginski

Startup chinesa fará IPO maior que o do Facebook e quer captar US$ 18 bi

Felipe Zmoginski

23/10/2018 17h17


Jihan Wu, fundador da Bitman: ele deve captar mais que Zuckerberg

Uma empresa chinesa que explora o mercado de blockchain registrou, esta semana, pedido para fazer sua oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa de Hong Kong. De acordo com a documentação entregue, a companhia pretende captar US$ 18 bilhões, projetando valor de mercado de US$ 50 bilhões. Para efeito de comparação, em 2012, quando o Facebook realizou sua abertura de capitais, a captação foi de US$ 16 bilhões, um tanto abaixo das pretensões da chinesa Bitmain.

Em que pese a variação do valor do dólar de 2012 para os dias atuais, é impressionante que uma startup fundada em 2013, portanto um ano depois da abertura de capital do Facebook, possa atrair mais investidores que a mundialmente celebrada rede social criada por Mark Zuckerberg. Se cumprir as expectativas desenhadas em seu "prospecto" de oferta, a Bitmain será a maior empresa da China em seu setor, superando rivais igualmente bilionários, como Canaan Creative e Ebang Communication.

Para muitos especialistas em finanças, o uso de tecnologias baseadas em blockchain, como a criptomoeda BitCoin, será predominante no mercado financeiro nos próximos 3 a 5 anos, tornando as transferências de valores mais velozes (compensação imediata), seguras e menos custosas, já que várias etapas de verificação são desnecessárias quando tal tecnologia é usada.

Com escritórios em 7 países, entre eles Holanda, Suíça e, claro, China, a Bitmain é proprietária de uma inovação que está permitindo acelerar a adoção destas moedas, os processadores com tecnologia ASIC.  Como se sabe, estas moedas virtuais não possuem uma autoridade monetária que as regule, como os bancos centrais controlam o valor de suas moedas pelo mundo,  mas são administradas por computadores em rede que cedem parte de sua capacidade de processamento para "processar" transações feitas com tais moedas, um processo chamado de "mineração".

Originalmente, tal "mineração" era feita por PCs comuns, gente como eu e você que cede as horas ociosas do computador pessoal para processar transações em que João envia uma moeda a Maria, por exemplo. Com a crescente demanda deste tipo de tecnologia, máquinas mais sofisticadas passaram a ser desenvolvidas, entre elas estão os equipamentos com chip ASICs, considerados os mais rápidos, baratos e de menor consumo de energia no mundo.


Fazenda de mineração de criptomoedas: eles processam o dinheiro digital

A liderança na fabricação deste hardware, vendido a empresas que criam suas próprias moedas virtuais ou a plataformas de compra e venda de Bitcoin, fez a Bitmain lucrar US$ 100 milhões em 2016, número que saltou para US$ 1,1 bilhão ano passado e deve superar US$ 2 bilhões ao final deste ano.  Os números são tão incríveis que eu mesmo fui checá-los três vezes, desconfiado de que estavam errados.

A Bitmain também oferece software para terceiros que queiram "criar suas próprias moedas" e fazendas de mineração, nome técnico para grandes data centers movidos a chips ASICs que processam as transações de criptomoedas.

Naturalmente, há certa desconfiança sobre a capacidade da Bitmain em manter seu crescimento e, mais ainda, conseguir captar todo dinheiro no mercado, uma vez que, após viver um boom em 2017, a onda de criptomoedas, em especial Bitcoin, vem arrefecendo. Em qualquer cenário, porém, temos mais uma startup chinesa às vésperas de tornar-se um gigante de dezenas de bilhões de dólares.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.