Como as techs ajudam a reduzir o impacto econômico do coronavírus na China
As bolsas de Xangai e Shenzhen voltaram a operar, esta semana, após o longo feriado de ano-novo. Como era de se esperar, desabaram, com quedas para além de 7%. O motivo do recuo é óbvio: o temor dos agentes econômicos com o desdobramento da crise causada pelo coronavírus.
Há quase duas décadas, em 2002, quando eclodiu a epidemia de Sars, os efeitos foram os mesmos: pânico nas ruas e nas bolsas, seguida de desaceleração no sempre fulguroso crescimento chinês. Na época, os grandes beneficiários do episódio foram as empresas tech, que cresceram e ajudaram a economia local a se manter aquecida.
Uma das estelas do biênio 02-03, foi o Alibaba, plataforma de e-commerce que despontava como líder na China. O temor da Sars fez com que milhões de chineses ainda desconfiados de ceder seus dados de pagamento para serviços de comércio eletrônico, embarcassem nas compras online, a fim de evitar o risco de ir às ruas… e contrair gripe aviária.
A cultura de comprometimento dos colaboradores do Alibaba fez a diferença no momento de dificuldade e muitos funcionários embalavam e despachavam pedidos de casa, já que havia restrições para ir à sede da empresa. Meses depois, a Sars foi embora mas a comodidade de comprar on-line ganhou as mentes e corações dos chineses.
Neste momento, em que a crise do coronavírus assola a economia tradicional chinesa, players de tecnologia ganham mercado, com soluções que contornam as limitações de movimentação dentro do país. Gigantes como Pingan, Alibaba e Jing Dong, por exemplo, apresentaram alta na contratação de seguros de saúde online que, entre outras soluções, permitem consultas médicas virtuais e análises de exames feitas por inteligência artificial. Em um momento em que os médicos estão super ocupados e é arriscado viajar de um ponto a outro, as soluções health-tech são providenciais.
Fenômeno similar ocorre com as empresas de entretenimento e educação a distância. Afinal, ficar fechado em sala de aula ou em um teatro com outras dezenas de pessoas não é a melhor maneira de proteger-se contra um vírus respiratório. Startups como a VIPKid, plataforma de ensino a distância, registrou alta de 33% nas vendas de cursos a distância para crianças. Muitos pais não querem prolongar demais as férias de seus filhos, mas não concebem enviá-los às escolas. O mesmo vale para serviços de streaming e lançamento de filmes. Empresas como ByteDance e Tencent anteciparam lançamentos previstos só para o meio do ano, a fim de aproveitar o tempo ocioso das pessoas isoladas em suas casas.
Mais do que crescerem, as empresas de tecnologia estão permitindo às autoridades sanitárias avançar mais rapidamente no combate à epidemia que no passado recente. O serviço de AI do Baidu, por exemplo, mapeou o RNA do novo vírus, bem como ferramentas do Alibaba estão sendo usadas para mapear os deslocamentos pregressos de pacientes que testaram positivo para o novo vírus. Assim, é possível testar também pessoas que eventualmente tiveram contato com eles.
Todas estas tecnologias não existiam, da forma como as conhecemos, na época da Sars, o que desenha um cenário otimista para a superação da atual crise.
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