Com milhões em casa, China vive o maior teste de trabalho remoto do mundo
Trabalhar de casa: menos tempo perdido no trânsito e mais produtividade
A crise de COVID-19, que isolou parte dos chineses em suas casas nas últimas semanas, também criou a maior experiência de trabalho remoto do mundo. Em fevereiro, quando os chineses voltaram ao trabalho depois do ano-novo lunar, a demanda por serviços de videoconferência e de plataformas de trabalho remoto cresceu em ritmo inédito na história.
O tráfego das plataformas de trabalho mais populares da China, como o DingTalk (do grupo Alibaba), o WeChat Work e o Tencent Meeting, serviços de mensagens e videoconferência da Tencent, registrou expansão, média, de 1000%. Com o DingTalk, os usuários podem criar grupos de bate-papo em equipe, ver gráficos organizacionais e fazer videoconferência. O app também registra quantas horas cada usuário permaneceu online, uma forma de controlar a execução da jornada de trabalho.
No dia 4 de fevereiro, a DingTalk revelou que o seu tráfego de videoconferência atingiu o pico histórico logo às 9 da manhã, com mais de 200 milhões de usuários se comunicando remotamente. Além de empresas, escolas também estão usando os aplicativos. O recurso de transmissão ao vivo, por exemplo, foi usado por 50 milhões de alunos e 600 mil professores para aulas online apenas na primeira semana de fevereiro.
Para efeito de comparação, antes da epidemia, o WeChat Work registrava aproximadamente 60 milhões de usuários ativos por dia, vinculados a 2,5 milhões de empresas. No final de janeiro, a Tencent começou a expandir sua estrutura de cloud computing para atender a uma demanda que, de fato, atingiu 600 milhões de usuários ao dia, ao longo de fevereiro.
Desde o dia 10, período em que os profissionais retornaram do feriado, a procura pelo WeChat Work aumentou dez vezes, informou a Tencent. O serviço foi turbinado não só por empresas, mas escolas e outras instituições.
Não foram só as duas grandes plataformas chinesas que cresceram. O Lark, serviço colaborativo da ByteDance, tem sido muito baixado pelo público mais jovem. Detalhe: com essa ferramenta, a ByteDance se consolida rapidamente como um dos unicórnios que vem ganhando projeção além das fronteiras chinesas.
A empresa criou a rede social TikTok, que reúne 1,2 bilhão de usuários em torno do compartilhamento de vídeos divertidos e foi o terceiro app mais baixado do mundo, perdendo apenas para o WhatsApp e o Messenger, ambos do Facebook.
Oportunidade escondida? – Assim como no mundo, o teletrabalho ainda é pouco comum na China. Isso porque, tradicionalmente, existem resistências corporativas ao trabalho remoto que estão relacionadas à perda de controle e supervisão organizacional.
Por outro lado, o volume recorde de trabalho em casa na China não vem de um privilégio, mas uma necessidade. Mesmo assim, a cultura de trabalho remoto tem registrado ganhos de produtividade em diversas áreas, o que vai levar muitas empresas a refletir mais sobre como engajar os trabalhadores.
Um exemplo vem de uma pesquisa da Universidade de Stanford. Estudando o impacto do trabalho remoto em profissionais de atendimento de uma agência chinesa de viagens, a Ctrip, a universidade revelou um aumento de 13% no desempenho.
Ganhos que foram possibilitados pelas tecnologias digitais, mas também por mudanças na cultura organizacional. O trabalho remoto nunca vai substituir todas as funções corporativas presenciais, mas em contextos específicos o aumento de produtividade é evidente. De qualquer forma, a experiência chinesa serve para testar o trabalho remoto em grande escala e estudar novas oportunidades de negócio.
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