Covid-19: na China, sensação é de que crise na produção está próxima do fim
O surto de covid-19 tem causado temor em muitos países, especialmente Coreia do Sul, Itália e Irã, onde o número de infectados tem crescido. A Itália, aliás, foi o território onde os dois únicos brasileiros infectados até o momento se contaminaram.
Na China, no entanto, a situação é progressivamente melhor, ainda que a situação esteja distante de uma vida "normal". Em Pequim, por exemplo, de acordo com o Baidu Index, um dos serviços digitais de contagem de casos de infecção, há hoje 198 pacientes infectados de forma confirmada. Na cidade de Xangai, onde vivem mais de 24 milhões de pessoas, há 65 pacientes com esse status. Há três semanas, o número em Xangai era de 336 casos positivos para covid-19.
Os registros diários de novas infecções em províncias fora de Hubei, centro da crise, variam entre 1,0 e eventualmente 2, mostrando que após um início errático a resposta draconiana das autoridades chinesas teve espantoso sucesso. Se considerarmos que este é o país com os centros urbanos de maior densidade demográfica do mundo, a resposta chinesa é incrivelmente eficaz, ainda que tenha tido elevadíssimo custo humanitário, como isolar milhões de pessoas em quarentena.
Indicadores mostram confiança
Para a indústria de tecnologia, tema deste blog, é relevante saber se as fábricas chinesas, que fabricam ou integram 90% dos gadgets vendidos no mundo, já voltaram a produzir. A resposta é sim, porém, parcialmente. De acordo com Índice de Migração Baidu, um terço dos trabalhadores já está de volta às fábricas e escritórios em grandes centros, como Xangai, Shenzhen e Pequim.
Atualmente, o governo chinês divide as zonas fabris em três áreas: alto, médio e baixo risco. Nas de baixo risco, é possível ir trabalhar normalmente. Nas de médio, é autorizado o trabalho, desde que seguido rigoroso protocolo. A sensação de que a crise está aproximando-se de seu fim, ao menos em termos produtivos, é o fato de as ações da Apple subirem 9% nesta semana, negociadas na Nasdaq, e os papéis da Toyota se valorizarem 1% em Nova York.
Ambos os movimentos são explicados pelo fato de estas marcas não-chinesas terem voltado a produzir na China. Para muitos especialistas in loco, a principal dificuldade das fábricas nem é mais a regulação do governo, mas fazer seus colaboradores compreenderem que não há risco em ir ao trabalho e assegurar transporte para eles, uma vez que o transporte público segue funcionando em ritmo subnormal, a fim de evitar lotações.
É um indicador de confiança da população local o fato de plataformas de viagens, como a Fliggy, do grupo Alibaba, registrar alta de 70% na emissão por passagens aéreas e elevação de 40% na compra de bilhetes de trem-bala.
Segundo comunicado do serviço Fliggy, os atuais números refletem o interesse de muitos chineses em deixar suas cidades-natal, para onde foram passar o ano-novo, e voltar ao trabalho nas grandes metrópoles. São dezenas de milhões de chineses que retomam a vida e os afazeres diários, encorajados pelos primeiros sinais consistentes de estabilização do covid-19.
Já a plataforma Elong, uma das concorrentes do Fliggy, registra que a busca por passagens, estadias e ingressos para as festividades do Dia do Qingming, um feriado nacional, aumentou 138% na última semana de fevereiro. Essa tradicional comemoração que acontece em 4 de abril é uma espécie de "Dia de Finados", quando os chineses cultuam os seus mortos. Para outra importante data comemorativa, o Dia do Trabalho (1º de maio), o volume de consultas subiu 84%, de acordo com a plataforma. Ambos os números mostram o interesse dos chineses em voltar a passear e tocar suas vidas.
Dados de e-commerce também apontam um sinal positivo. Pela primeira vez em muitas semanas, os itens mais vendidos são produtos tradicionais, como cosméticos, roupas e eletrônicos… e não mais equipamentos de proteção.
A resposta objetiva é que a China ainda tem um caminho a percorrer para retomar sua normalidade, mas todos os indicadores apontam para uma melhora consistente, bem diferente das imagens que recebemos nos grupos de WhatsApp.
O vídeo abaixo, em inglês, relata, por repórteres chineses, o momento mais difícil da crise, o primeiro mês em que a cidade de Wuhan, capital de Hubei, esteve isolada, em quarentena.
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