Na volta às aulas, China usa app para monitorar saúde de estudantes
Permitir que as crianças voltem às aulas é uma das etapas mais desafiadoras da saída da quarentena pós-covid. Afinal, elas se abraçam, dão as mãos e passam horas fechadas em sala de aula. Em diversas cidades da China, além dos hábitos do "novo normal", como manter distância, cumprimentar só com um aceno de cabeça (ou toque de cotovelos) e lavar as mãos com frequência, é preciso manter seus dados de saúde atualizados em um app público controlado pelo colégio.
Desde o fim de março, a Tencent oferece a instituições de ensino o app Fuxuema, um aplicativo que deve ser instalado no smartphone de estudantes e cujos dados são compartilhados com pais e mestres. Na aplicação, os jovens devem inserir, diariamente, dados sobre sua temperatura corpórea e são instigados a informar sobre como se sentem em termos de disposição física.
O aplicativo registra se a criança viajou para áreas distantes de seu bairro ou se aproximou de outras pessoas cujo app indica que testaram positivo para covid-19.
Em centenas de colégios, monitores de temperatura corpórea foram instalados nos portões de entrada, detectando se algum estudante (ou funcionário) está com febre. Os dados são sincronizados com o aplicativo Fuxuema. Todas informações são armazenadas em nuvem e podem ser acessadas pelo estudante, por seus pais e pela direção do colégio.
O objetivo principal é evitar que crianças que eventualmente venham a se infectar passem o vírus para os colegas e iniciem uma "segunda onda" de transmissão.
Além do interesse em saúde, no entanto, existe uma corrida corporativa entre as grandes companhias tech da China para serem os primeiros a oferecer "serviços inteligentes" nas escolas e campi chineses. Acredita-se que este tipo de monitoramento será padrão no "novo normal" das sociedades pós-covid.
A China vem escalonando a reabertura de escolas por província e série. Na região de Zhejiang, próxima a Xangai, um milhão de estudantes retornaram às aulas já no início de abril e quase dois milhões de alunos do nível fundamental e médio voltaram às aulas em Guangdong, no sul do país, no começo de maio. O app Fuxuema é precondição para a reabertura de escolas.
O Fuxuema é, na verdade, um miniapp dentro do WeChat, serviço similar ao WhatsApp para os chineses, o que facilita sua adesão pelos jovens, já que esse software é praticamente onipresente nos celulares chineses.
Para ir à escola, os estudantes devem habilitar o miniapp e informar dados como sua temperatura 14 dias antes do início das aulas. O programa exibe um QR Code com um descritivo de saúde e residência do estudante. Todos os dias, ao entrar no colégio, o QR Code deve ser exibido pelas crianças a leitores eletrônicos, que autorizam ou não sua entrada na instituição.
Para faculdades e universidades, a Tencent desenvolve um conjunto abrangente de ferramentas necessárias a um "campus inteligente". Assim como os estudantes mais jovens, os universitários, professores e funcionários que retornam da quarentena acessam uma versão do Fuxuema para obter autorização de entrada nos portões. Entre as ferramentas adicionais, estão o acesso a mapas de calor do campus e avaliação de áreas de tráfego intenso, supostamente com riscos maiores de infecção.
Outras tecnologias, como câmeras de leitura facial que detectam quem não está usando máscara em ambiente fechado, estão sendo usadas para elevar a segurança dos estudantes.
Até que surja uma vacina, o monitoramento da saúde de cada indivíduo será necessário para garantir a segurança da coletividade.
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