Como vender celulares sem lucro tornou a Xiaomi um gigante de US$ 50 bi

Lei Jun, fundador da Xiaomi: hardware bom, bonito e barato
Você conhece bem os nomes Apple e Samsung, dois dos maiores fabricantes de celulares do mundo. Uma lista formulada pelo IDC, com os 7 maiores produtores globais de smartphones revela, porém, que estas são as duas empresas não-chinesas* a figurar no Top Seven. Seguem a lista Huawei, Xiaomi, Oppo e Lenovo, todas companhias chinesas, vendendo dezenas de milhões de unidades todos os anos.
Entre estes nomes pouco conhecidos dos brasileiros, a Xiaomi é a que parece ter maior potencial de crescimento e seu fundador, Lei Jun, prepara um disputado IPO (lançamento de ações em bolsas) que pode fazer sua companhia valer entre US$ 50 bilhões (estimativa da Bloomberg) e US$ 200 bilhões (estimativa da consultoria chinesa Phoenix).
O aspecto mágico deste IPO, que deve ser o maior do mundo desde 2014**, é que a Xiaomi vende smartphones com lucro praticamente zero. Um estudo da consultoria Counterpoint indica, por exemplo, que a Apple ganha US$ 151 por iPhone que vende, já a Samsung lucra US$ 31 por peça. A Xiaomi fica com modestíssimos US$ 2 de margem a cada venda.
Na prática, os smartphones da Xiaomi possuem recursos avançados como tela que se entende até as bordas do celular, carregador sem fio, câmera dupla para montar fotos com profundidade de campo e até desbloqueio baseado em reconhecimento facial (como o iPhone X) por preços que são uma fração de seus competidores. No quesito custo-benefício, é uma marca imbatível.
Obviamente, a quarta maior fabricante do mundo não é uma empresa de filantropia. A empresa de Lei Jun vende celulares de alta qualidade por preços baixos pois ganha dinheiro com sua loja de apps e serviços de conteúdo online, como streaming de música e recomendações de e-commerce. Parece uma sacada simples, mas ninguém realiza isso com a excelência da Xiaomi.
Embora 70% das vendas da Xiaomi sejam smartphones, o portfólio da empresa inclui uma miríade de 70 produtos, que incluem de purificador de ar (algo muito útil nas poluídas metrópoles chinesas) a geladeiras inteligentes. Em todos eles, o DNA é o mesmo: hardware sem lucro amarrado a serviços digitais pagos.
A depender de como for o IPO da empresa, Lei Jun, um programador que ainda não completou 50 anos, pode tornar-se o homem mais rico da China ainda este ano, superando o fundador do Alibaba, Jack Ma, e o criador da Tencent, Pony Huateng.
O brasileiro Hugo Barra: nome galático não fez Xiaomi decolar no Brasil
Observe que, mesmo a projeção mais conservadora, de valor de capital em US$ 50 bilhões, coloca a Xiaomi como empresa mais valiosa que o Uber, por exemplo, para citar uma marca bem conhecida dos brasileiros.
Caso raro entre companhias de origem chinesa, a Xiaomi conseguiu o feito de tornar-se relevante fora da China, tornando-se uma das três maiores vendedoras de smartphones no gigantesco mercado indiano, onde o modelo bom-bonito-e-barato seduziu o consumidor local, de baixo e médio poder aquisitivo.
Paradoxalmente, no Brasil, que ao lado de China e India é visto como um dos grandes mercados emergentes do mundo, a operação da Xiaomi fracassou. Mesmo contando com nomes badalados como o brasileiro ex-vice-presidente do Google para Android, Hugo Barra, a empresa tropeçou na fabricação local e na venda direta, em que clientes compram os produtos online, ao invés de o obterem com descontos nas suas operadoras.
* Embora não sejam chinesas, Apple e Samsung fabricam seus dispositivos na China
** O maior IPO dos últimos anos é, também, de uma empresa chinesa, a abertura de capital do Alibaba.
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