Com investimento, empresa chinesa planeja vender mais barato que AliExpress
Colin Huang abandonou um "emprego dos sonhos" no Google para
tentar estabelecer-se no ultracompetitivo e-commerce chinês
Brasileiros que pesquisam ofertas no serviço AliExpress poderão se beneficiar, no médio prazo, de um novo serviço chinês que abre mão de sua taxa de comissão nas transações feitas em sua plataforma. Como sabemos, grandes "marketplaces" como Amazon e Alibaba não operam vendas diretas a seus consumidores, mas são plataformas que conectam gente que quer vender a pessoas que querem comprar. Pelo serviço, ficam, em média, com 20% do total transacionado sob seu domínio.
Há dois anos, uma startup chinesa chamada Pinduoduo, ou simplesmente PDD, decidiu enfrentar seus rivais cortando sua taxa de comissão a um valor próximo de zero. Mais do que isso, a PDD beneficia-se de grande volume de tráfego orgânico, misturando um sistema de recomendações de compras com indicação de ofertas que é mais ou menos uma mistura de Facebook com GroupOn (ou Peixe Urbano).
O tráfego orgânico (nome que se dá aos cliques espontâneos em um serviço, sem que seja necessário investir em anúncios ou marketing digital) é importante por que reduz drasticamente os custos da PDD, o que lhe permite, por exemplo, operar quase sem taxas. Na China, a empresa líder em ecommerce é, como se esperava, o Alibaba/Taobao, acessado todos os dias por 170 milhões de consumidores. O segundo colocado chama-se JingDong, ou apenas JD, e tem cerca de 60 milhões de acessos diários. Nos últimos dois meses, porém, o JD foi batido em acessos pelo PDD, que é especialmente acessado por pessoas que vivem em pequenas cidades e estão menos habituadas a comprar em sites "famosos" como os líderes Alibaba e JD.
PDD faz anúncio em ponto de ônibus: estratégia é evitar altos custos do marketing digital
O engenhoso sistema de "taxa zero" é uma ideia do fundador e CEO do PDD, Colin Huang, um ex-engenheiro do Google em Mountain View que voltou ao país natal disposto a desafiar seu ídolo na juventude, o magnata Jack Ma, fundador do Alibaba. Huang é tão obcecado por descontos que, este mês, está permitindo que produtos de baixíssimo valor agregado, como bananas e rolos de papel higiênico sejam transacionados em sua plataforma, em um modelo que quase não paga os custos de entrega, mas gera novos inscritos em sua rede.
Esta semana, porém, a startup-sensação da China, anunciou que vai captar US$ 1 bilhão nos Estados Unidos e usará o dinheiro para expandir sua operação, ou seja, contratar mais pessoas e atuar em novos mercados sem precisar elevar sua quase nula taxa de transação. Analistas de Wall Street, em Nova York, estimaram que, com a nova captação a PDD atingirá valor de US$ 16 bilhões, o que a colocará entre as 40 maiores empresas de internet do mundo.
No plano divulgado pela PDD, está atender municípios chineses ainda não cobertos por sua plataforma e iniciar um processo de expansão internacional, o que levará vendedores chineses a publicar suas ofertas para fora do país também no Pinduoduo. E não apenas no AliExpress.
O prospecto divulgado não cita quais mercados seriam prioritários ao time do PDD. A julgar pelo histórico recente de internacionalização de companhias chinesas, é provável que iniciem vendas na Indonésia, India e Tailândia. O Brasil, porém, será um caminho natural, afinal é um dos mercados mundiais que mais compra no rival AliExpress. Para o e-commerce brasileiro, será (mais um) grande desafio. Para os consumidores, uma oportunidade de achar itens ainda mais em conta que no serviço Ali Express.
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