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Felipe Zmoginski

Alibaba terá unidades do supermercado inteligente Hema fora da China

Felipe Zmoginski

16/10/2018 04h17

Novo varejo chinês: integração dos mundos online e offline

Os supermercados "Hema", marca do grupo de e-commerce Alibaba para lojas do mundo offline, vão se multiplicar para além da China. O anuncio foi feito, esta semana, por Daniel Zhang, diretor da divisão de "Novo Varejo" do grupo chinês.

Inaugurado há pouco mais de um ano, em Pequim, os supermercados Hema já se multiplicaram no país asiático e somam 64 lojas espalhadas pelas grandes cidades do país. O conceito pode parecer exótico para uma companhia de comércio eletrônico: abrir lojas físicas que funcionem como "show room" dos itens vendidos no comércio digital.

Nas lojas da rede, a experiência de compra é orientada pelo uso do smartphone do usuário e integra recursos como Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning para interferir na experiência de compra dos usuários. Todos os itens dispostos nas gôndolas são acompanhados de QR Codes, que podem ser escaneados para fornecer mais dados ao consumidor, como características nutricionais (no caso de alimentos) ou especificações técnicas (no caso de produtos eletrônicos, por exemplo).

O consumidor, aliás, tem a opção de fuçar à vontade e não levar nada, registrando no app do Hema os produtos que gostou e que podem ser entregues em sua casa mais tarde. Ferramentas de analytics sugerem produtos de acordo com o perfil de consumo do cliente, o alerta sobre promoções e envia lembretes, antes de sair da loja, sobre itens que você tem o hábito de comprar, mas pode ter se esquecido de selecionar.

Quem optar por apenas selecionar os itens no smartphone, deverá recebê-los, em casa, em até 30 minutos, em um raio de 3 quilômetros, promete o Alibaba. Já quem for pagá-los no caixa poderá fazê-lo de forma automática, sem sacar dinheiro ou cartão do bolso, apenas usando o reconhecimento facial para "autorizar" o débito de sua e-wallet, o Alipay, serviço de pagamentos do Alibaba.

O uso de lojas "offline" para fomentar compras "online" é o que a rede criada por Jack Ma está chamando de "New Retail", uma nova forma de organizar o varejo, em que as pessoas podem até ir a lojas físicas, mas só o farão para tocar, cheirar ou experimentar produtos, uma vez que tudo estará disponível para compras online.

Uma das possibilidades do Hema, aliás, é comprar itens online, como frutos do mar e pedir para que a cozinha do restaurante os vá preparando. Ao chegar ao mercado, cozinheiros já terão preparado os pratos, de acordo com os itens que você escolheu. É comer e levar os demais ingredientes para casa.

Segundo Daniel Zhang, lojas Hema serão abertas agora na Holanda, Bélgica, Alemanha, França e Reino Unido. Uma unidade piloto já foi aberta em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.