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Felipe Zmoginski

Como espaços de inovação da China são mais ágeis que o resto do mundo?

Felipe Zmoginski

09/07/2019 04h00


Trabalhadores no TechTemple: eles estão no epicentro da inovação mundial 

TechTemple, um misto de coworking e central de inovação que se espalha por nove endereços na China e dois fora do país, é um exemplo que se destaca de outros espaços similares pelo mundo porque a China controla toda a cadeia de suprimentos para o desenvolvimento de produtos tecnológicos

Designed in California, assembled in China. A icônica frase entalhada nas placas de alumínio dos iPads, iPhones e MacBooks é reveladora de uma desvantagem competitiva das empresas ocidentais para as chinesas. Ao empreender em Pequim ou Shenzhen, poupa-se um Oceano Pacífico para conectar investidores, desenvolvedores e toda cadeia de suprimento necessária para produzir gadgets (e serviços) inovadores.

No final de junho visitei, em Pequim, uma das unidades do TechTemple, um misto de coworking e central de inovação que se espalha por nove endereços na China e dois fora do país, em San Francisco e em Singapura. Fundado em 2013 por Jerry Wang, um investidor chinês, em parceria com a Infinity Ventures, um fundo de capital de risco financiado majoritariamente por japoneses, o TechTemple reúne, em antigas fábricas reformadas, espaços para diferentes segmentos da cadeia de inovação em tecnologia. Startups, empresas de mídia que cobrem tecnologia, agências de marketing digital, fundos de investimento e diferentes fornecedores de eletrônicos compartilham mesas em espaços abertos no templo da tecnologia.

É verdade que coworkings existem no mundo todo e o simples compartilhamento de espaços não confere vantagem alguma às startups chinesas. A diferença está, no entanto, no fato de a China controlar toda a cadeia de suprimentos para o desenvolvimento de produtos tecnológicos, como fornecedores de telas LCD, GPS, impressoras industriais 3D para prototipagem e circuitos eletrônicos, por exemplo. Também concentra-se na China e Sudeste da Ásia, desde 2018, os maiores fluxos de investimento de risco, superando a oferta de capital disponível para startups, por exemplo, nos Estados Unidos.

"Empresas iniciantes baseadas na China têm condições de reagir mais rápido às mudanças externas e maior velocidade para testar novas soluções e produtos.  Se uma empresa em São Paulo ou na Califórnia quer testar uma nova versão de seu produto e precisa de um componente específico para isso ou mesmo identificar um especialista em tal aplicação, ela pode levar uma ou duas semanas para executar o teste. Na China, você resolve o mesmo desafio em um ou dois dias", afirma Jerry Wang, fundador do TechTemple.

Apenas na cidade de Pequim existem dezenas de hubbies como o TechTemple, como o Maxpace, dedicado a soluções para a indústria maker; o Circuitpot, focado em startups que usam chip Arduino; Garage Café; ou o And Lab, coworking que só aceita empresas iniciantes que explorem modelos de negócios que envolvam impressão 3D.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.