Como o reconhecimento facial está transformando indústrias chinesas
Painel de controle na sede da MegVii: rostos analisados em tempo real
A buzzword mais quente da China, ao lado da expressão "AI" (artificial inteligence) é "face recognition". De acordo com a consultoria americana CB Insights, quase metade (48%, para ser preciso) das captações de investimentos feitas na China em 2017 e 2018 foram para startups que desenvolvem soluções baseadas em uma destas duas tecnologias.
Na última semana, visitei uma das mais brilhantes empresas deste setor, em Pequim, a MegVii, desenvolvedora do produto de reconhecimento facial líder em seu país, o Face++. Fundada por três universitários recém-diplomados na prestigiosa Tsinghua University, a empresa de vision learning já é avaliada em US$ 4 bilhões, o que a coloca no seleto grupo de 216 unicórnios chineses.
A solução mais conhecida da empresa é a que usa reconhecimento facial para fins de segurança pública. De acordo com Dai Yufeng, diretor de operações internacionais da MegVii, mais de 6 mil pessoas procuradas pela Justiça chinesa foram identificadas e presas graças à solução da empresa. Câmeras em metrôs, estações de trem, praças e shopping centers capturam dados faciais dos transeuntes e os cruzam com um banco de dados de pessoas procuradas. A tecnologia já serviu também para identificar crianças perdidas dos pais em multidões ou vítimas de sequestro.
Yufeng exibe mapa 3D de Beijing: câmeras monitoram carros e pessoas
Apesar da fama das aplicações para segurança, a MegVii, na verdade, oferece soluções para transformações digitais de múltiplas indústrias, como pagamentos, logística e controle de acesso. Na sede da empresa, por exemplo, os funcionários não usam crachá, mas sim seus rostos para abrir as portas. O método está sendo usado em escolas e universidades que já substituem a lista de presença pelo reconhecimento de rosto e, entre outros dados extraídos, é capaz, pela análise de expressões faciais, de compreender quais estudantes estão aproveitando melhor a aula e quais precisam de ajuda.
Investida pelo grupo Alibaba, que curiosamente também é investidor da Sensetime, arquirrival da Megvii na China, a empresa fornece sua tecnologia para o método de pagamentos "smile to pay". Por este meio, um sorriso para um totem de pagamentos é o suficiente para o consumidor validar uma compra. Sem cartões, sem dinheiro, sem QR code. Apenas seu rosto é suficiente para pagar a conta. Na China, lanchonetes do KFC já aceitam este método de pagamento, por exemplo.
Em parceria com Alibaba, Megvii permite que pagamentos sejam feitos com um sorriso
A tecnologia da empresa é utilizada também por players de logística. Robôs autônomos aprendem a reconhecer objetos e, desta forma, são capazes de se mover sozinhos por depósitos e separar pedidos, reconhecendo objetos nas prateleiras assim como um operador humano faz.
Um dos clientes famosos da MegVii é a Didi, empresa equivalente ao Uber na China, que está testando o reconhecimento facial para que motorista e passageiro chequem a identidade um do outro ao iniciar uma corrida. "Nossa tecnologia vai elevar a segurança de apps de transporte, impedindo que motoristas emprestem seu carro e celular a terceiros, bem como bloqueando criminosos de embarcar em corridas usando a identidade de terceiros", conta Yufeng.
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