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Felipe Zmoginski

Partiu oriente: China será maior mercado de computação em nuvem do mundo

Felipe Zmoginski

23/07/2019 04h00


Líder local de nuvem, será competidor também fora de suas fronteiras

Você hospedaria seus dados pessoais e de sua empresa em um servidor na China? A pergunta pode parecer fora do comum, mas, de acordo com estudo da consultoria IDC, as empresas chinesas de cloud computing (computação em nuvem) devem formar o maior mercado mundial para este tipo de tecnologia em, no máximo, quatro anos.

Atualmente, o maior mercado do tipo é formado por empresas norte-americanas, que, além de controlarem a hospedagem do mercado doméstico, são líderes fora de suas fronteiras. No Brasil, por exemplo, Amazon, Microsoft e IBM, todas empresas dos Estados Unidos, possuem a maior parcela do mercado de host.

A expansão dos serviços de nuvem chineses fora de suas fronteiras é relevante por marcar a expansão do país em mais um setor tecnológico. A economia, que há vinte anos era vista como capaz de produzir relógios baratos e brinquedos de plástico, avançou sobre eletrônicos sofisticados, carros e, agora, busca a liderança mundial em áreas novas, como inteligência artificial, reconhecimento facial e internet como serviço, ou seja, nuvem.

Alibaba e Tencent, sozinhos, controlam mais de 50% dos serviços em nuvem chineses

Na China, os principais players de nuvem são o Alibaba e a Tencent. Os dois gigantes da internet local estão ampliando dramaticamente sua capacidade computacional para dar conta da expansão do mercado interno. O avanço das redes 5G, dos carros autônomos e de novos serviços digitais, como o processamento de reconhecimento facial e linguagem natural, exigem a expansão de serviços de cloud.

Alibaba e Tencent também mantêm data-centers fora da China, que obviamente serão usados para alavancar a expansão internacional de suas operações. Estes esforços são fundamentais para evitar a chamada "latência", ou seja, o tempo de espera para um serviço em nuvem carregar. A Tencent, por exemplo, já anunciou que deseja quadruplicar o percentual de sua receita proveniente dos mercados em que atua fora da China. Parte desta conta deverá ser paga por serviços de nuvem.

Naturalmente, haverá questionamentos sobre a segurança e privacidade dos dados armazenados por empresas chinesas, uma vez que o país segue um regime político peculiar, sem os mesmos freios e contrapesos que, por exemplo, existem nos Estados Unidos. Ao analisar o histórico de desempenho das empresas chinesas, porém, não é difícil prever que, quando disponíveis em novos mercados, como o Brasil, serão mais econômicos e eficientes, o que lhes assegurará, mais uma vez, uma condição especial de competição. A conferir.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.