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Felipe Zmoginski

Sorria para pagar, dados e mais: a revolução do varejo já começou na China

Felipe Zmoginski

02/10/2019 04h00


Houfe Chen: transformar varejo será prioridade da indústria tech

As três empresas que moldaram a internet chinesa, Baidu, Alibaba e Tencent, conhecidas pela sigla BAT, compartilham, agora, a arena de novas tecnologias para o varejo. No discurso, as três corporações dão nomes diferentes ao novo modelo que propõem, chamando-o de new retail, smart retail e bounderless retail.

Na prática, no entanto, trata-se do mesmo esforço: usar ferramentas de inteligência artificial, análise de dados e mobile payment para diminuir custos e aumentar as vendas do varejo, aproximando as experiências que consumidores têm no mundo físico (offline) e no comércio eletrônico (e-commerce).

Um passo à frente dos competidores está o Alibaba, que opera os supermercados HeMa, o estado-da-arte de novas tecnologias para varejo. Nas unidades da rede, dinheiro de papel não é aceito e as compras podem ser feitas online, por um app, para serem entregues em até 30 minutos na casa do consumidor ou de modo offline, direto no ponto de venda, sem interação com funcionários, já que todos os processos são automatizados.

Mais do que isso, um sistema de análise de dados lembra o usuário sobre itens que ele pode precisar ao visitar uma loja física e pode despachar para sua casa produtos que, eventualmente, o consumidor esqueceu de comprar ou que não estavam disponíveis em estoque naquele momento.

É também do Alibaba o método mais avançado de pagamento em uso na China, o Smile To Pay, em que o rosto do usuário serve de senha para liberar um pagamento. Sorriu, pagou.

Um passo atrás, a gigante Tencent, dona da segunda ferramenta de pagamentos mais popular do país, o WeChat Pay, anunciou esta semana que superou a marca de 100 redes de varejo atendidas na China. São clientes de setores variados que contratam a Tencent para usar suas tecnologias de análise de dados e automação de lojas.

Segundo Houfe Chen, presidente da divisão de varejo tech da Tencent, cerca de 10% da receita da empresa já vem de operações de varejo, como oferta de software, hardware e serviços em nuvem para clientes do setor.  De acordo com Houfe, em conferência da empresa nesta semana, a competição assídua no varejo chinês pressiona todas as empresas a adicionar camadas de tecnologia à sua operação, para fidelizar seus consumidores.

Um pouco atrás dos rivais, o Baidu tem demonstrado tecnologias interessantes para validação de pagamentos, como robôs que recebem pedidos por linguagem natural e usam a voz do cliente como senha para validar o pagamento, explorando a tecnologia de biometria vocal. Uma breve conversa com um robô permite não só fazer o pedido como também processar o pagamento.

A companhia também é líder em um sistema pioneiro de reconhecimento de objetos. Uma câmera inteligente é capaz de ler todos os produtos dispostos em uma bandeja ou carrinho de compras e calcular o preço total, dispensando o consumidor do tedioso trabalho de tirar os itens do carrinho, fazer um atendente registrá-los para, depois, colocá-los no carrinho de novo.

Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.