Disputa com EUA orientará tecnologia da China na década
Um estudo publicado há dez anos, pelo Banco Mundial, projetava que a China superaria o PIB americano até 2030. Análise similar, feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), estimava que a ultrapassagem chinesa ocorreria em 2025. A recente desaceleração da maior economia da Ásia indica que este ponto de inflexão poderá atrasar um pouco, mas não muito.
Esta é a percepção da maioria dos especialistas de fundos de investimento, bancos, acadêmicos e estudiosos da economia e do ecossistema de tecnologia chineses. De acordo com projeções do próprio governo chinês, o país espera posicionar-se como líder mundial de inteligência artificial até 2030 e concentrar 70% de suas exportações em produtos de alto valor agregado já em 2025.
Neste processo de ascensão da China, veja cinco tendências apontadas na virada de 2019 para 2020 por diferentes especialistas.
1 – Rivalidade com Estados Unidos orientará corporações chinesas
Para Yu Uny Cao, pesquisador da Zhejiang University, é visível que o governo local, que possui assento no conselho de administração das grandes companhias de tecnologia, pressionará as companhias para mirarem no desempenho das rivais americanas. "Aqui, observam-se todos os passos tomados pelas empresas dos Estados Unidos e a todo tempo se discute como ter soluções mais avançadas e eficientes", afirma Cao.
2 – Guerra comercial diminuirá "farra do venture capital"
O fato de a China praticar taxas reais de juros negativos, na prática, inundou os fundos de capital de risco para oferecer (muito) dinheiro às startups mais criativas. Poucas fizeram ótimo uso deste dinheiro e tornaram-se unicórnios. Muitas fracassaram e deixaram grandes prejuízos. De acordo com especialistas, a guerra fria com os Estados Unidos está pressionando os fundos a investirem mais em "tacadas certas" e tomarem menos riscos.
3 – A era dos subsídios e cash burn ficou para trás
Quem acompanha as grandes empresas online da China sabe que muitas delas se tornaram gigantes "comprando" usuários, via agressivas campanhas de marketing baseadas em subsídio. Empresas de food delivery, por exemplo, vendiam por 10 dinheiros uma refeição que, no restaurante, custaria 15. A mágica era tornar as ofertas online tão imperdíveis que forçassem milhões de usuários a aderir a elas. Um caso emblemático é do e-commerce Taoji, que queimou US$ 86 milhões em subsídios para construir sua base de clientes. De fato, eles atraíram 80 milhões de cadastros no período de descontos, mas logo após os subsídios acabarem, os consumidores abandonaram a plataforma e voltaram para os players de sempre, como Alibaba e Jingdong, fazendo o Taoji ir à falência.
4 – Tik Tok mostrou que redes sociais chinesas podem conquistar o mundo
Há uma máxima que afirma que os hardwares fabricados na China são ótimos, mas o software chinês não faz sucesso fora da China. O app Tik Tok, da empresa ByteDance, é uma espécie de "rompedor de tabus", uma vez que a rede social mobile tornou-se febre nos Estados Unidos, Europa e, de certa forma, também no Brasil. O caso mostra que é possível para aplicações chinesas serem bem sucedidas fora do mercado doméstico.
5 – Cidades high tech movidas a carrinhos de brinquedo
As metrópoles chinesas já figuram entre as mais modernas do mundo, com lojas de atendimento autônomo, entregas feitas por robôs, pagamentos realizados por biometria facial e carros (e ônibus) elétricos dominando as ruas. Estima-se que, nos próximos anos, automóveis como nós conhecemos sejam gradativamente substituídos por pequenos veículos (eventualmente autônomos) que rodam a baixa velocidade. Esta nova alternativa de mobilidade reduziria congestionamentos, o clássico problema dos estacionamentos e da poluição atmosférica.
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