Como a tecnologia vai impedir que o coronavírus se torne epidemia na China
Há duas décadas um vírus respiratório chamado Sars, originado a partir da mutação de uma virose que afetava aves em criadouros, espalhou-se velozmente na China, matando 800 pessoas. Mais uma vez, um ser acelular, de origem animal, desta vez oriundo de bichos marinhos, adaptou-se ao organismo humano e apresenta potencial para gerar nova crise sanitária na China.
Segundo relatório publicado pela Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, a recente ameaça, no entanto, deve ter um desfecho bem menos agressivo que a crise vivida no início dos anos 2000.
Por e-mail, Daniel Lucey, pesquisador da Georgetown, contou ao blog que as condições tecnológicas e ferramentas disponíveis para controle da enfermidade são "dramaticamente diferentes". "Há duas décadas, nós não tínhamos serviços de Big Data, análise de grandes volumes de dados ou mesmo laboratórios com supercomputadores capazes de prever as mutações de um novo vírus", afirma Lucey.
Entre os recursos disponíveis agora está a capacidade de rastrear, por georreferenciamento, a trajetória de pessoas que testarem positivo para o novo vírus, entendendo exatamente onde estiveram e com quem tiveram contato. A partir daí, é possível testar e isolar (se for o caso) pessoas em estágio contagioso.
Aplicações de inteligência artificial também projetam os deslocamentos de pessoas que vivem em áreas com maior índice de infecção, como Wuhan, no interior da China, e emitem alertas sobre destinos sensíveis, que devem ser monitorados. Sabe-se, por exemplo, que mais de 8 mil moradores de Wuhan estão viajando para os Estados Unidos e Canadá neste feriadão de ano-novo lunar chinês.
Nos aeroportos e estações de trem, equipamentos capazes de medir a temperatura corporal de grande volume de pessoas permitem identificar, em meio a uma multidão, quem está febril e, logo, testá-la.
O diagnóstico correto, aliás, é uma possibilidade tecnológica recente. Há vinte anos, identificar com certeza a infecção por Sars em um paciente levava uma semana. Atualmente, testes de sangue são capazes de encontrar traços do DNA do novo vírus em uma pessoa suspeita de estar contaminada em menos de uma hora.
Na China, no entanto, a principal razão de otimismo da população para enfrentar a crise é o fato de Pequim agir com transparência. Na crise dos anos 2000, o governo central tentou esconder a crise, o que só piorou as chances de controlar a epidemia. Agora, as informações circulam livremente e todos sabem onde não devem ir e o que não devem comer.
No fóruns de internet de serviços como Baidu e Weibo, no entanto, grassam teorias conspiratórias. A mais popular é que o novo vírus seria uma arma química desenvolvida pela CIA. O objetivo seria encontrar um micro-organismo capaz de matar apenas chineses e que fosse inócuo quando infectasse pessoas de outros grupos étnicos, como os ocidentais, por exemplo.
A teoria é alimentada pelo fato de o Sars, há duas décadas, só ter feito vítimas fatais chinesas. Até mesmo japoneses infectados, ao final do tratamento, salvaram-se. Conspiração à parte, laboratórios na China estimam que o fato de supercomputadores e ferramentas de Big Data estarem disponíveis agora, permitirá o desenvolvimento de uma vacina em até 12 meses. Há duas décadas, este prazo seria inviável.
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