Vão faltar gadgets? Qual é o cenário na China para normalizar a produção
Álcool em gel, papel higiênico e máscaras respiratórias são itens escassos em muitos supermercados do mundo. Boa parte do pânico que atingiu os mercados no início desta semana deve-se à incerteza de que faltem, também, itens industriais na cadeia de suprimentos global, paralisando múltiplas áreas da economia, entre elas, a produção e venda de eletrônicos
Em meio à grave infodemia (epidemia de dados errados), este blog consultou fontes oficiais na China para compreender o que é risco real (e o que é fantasia) na evolução do caso coronavírus, que teve seu epicentro no maior polo industrial do mundo, a China.
Novas infecções caíram dramaticamente
Relatório da Comissão Nacional de Saúde (o equivalente ao ministério da Saúde da China) reporta que novas infecções diárias caíram a índices mínimos desde o início da epidemia. Nos primeiros dias de março, por exemplo, os "novos" casos não chegam a 19 por dia, com exceção de Hubei. Quando se contabiliza a província mais comprometida, os números diários são de 143 novos doentes/dia… e caindo. Veja no gráfico abaixo a forte queda. No total, 80.552 pessoas já foram testadas positivas para a doença.
Temor de que a China imponha quarentena a estrangeiros
Esta semana, a província de Gansu, no norte do país, registrou 11 novos pacientes de covid-19. Todos vieram de fora da China, em voo comercial do Irã. Trata-se de estudantes chineses que se infectaram no Oriente Médio e trouxeram para casa o vírus. Se a China superar sua crise, como, de fato, está fazendo, e novos doentes vierem do exterior, é possível que o país imponha quarentena a quem venha de fora, uma péssima notícia para as empresas que desejam retomar os negócios com o país.
Atualização: a China confirmou que aplicará isolamento de 14 dias a estrangeiros que cheguem ao país.
Especialistas creem em infecção zero já em março
Cientistas locais como Zhang Boli, diretor da Comissão Nacional de Saúde, estimam que seja possível declarar "zero novas infecções diárias" até mesmo na problemática Hubei, ainda no mês de março. A projeção é baseada no fato de os números caírem dia a dia e 100 novas infecções diárias em uma população de 1,4 bilhão de pessoas.
Fábricas foram divididas em zonas 1, 2 e 3
Empresas do setor de serviços têm voltado, paulatinamente, a trabalhar presencialmente, embora sem organizar eventos ou reuniões.
Estima-se que 30% dos escritórios já funcionem com sua mão de obra in loco. Já as fábricas que não têm a possibilidade de funcionar com mão de obra remota foram divididas em áreas 1,2 e 3. Nas classificadas como 1, é permitido o trabalho, normalmente, com regras básicas de segurança, tais como uso de máscaras, luvas e pausas para desinfecção. Nas fábricas nível 2, os cuidados são mais restritos.
Neste momento, o mais difícil tem sido assegurar transporte para os operários chegarem às fábricas e, mais do que isso, após semanas de pânico e más notícias, convencer a mão de obra que é seguro ir ao trabalho.
As zonas 3, bem, nestas… o trabalho é proibido.
China se recupera, mas Coreia do Sul piora
Embora ninguém seja capaz de prever com exatidão quando as fábricas chinesas estarão operando a 100% de sua capacidade, é razoável estimar que ainda em março seja possível normalizar a produção e o embarque de componentes e produtos acabados no país.
A má notícia é que a situação na Coreia do Sul, onde são fabricados grande parte dos painéis de LED usado em integradoras chinesas, está piorando. Particularmente para o mercado de telas, a crise pode ser mais grave.
Um resumo honesto é que a indústria de eletrônicos deve sofrer, sim, desabastecimento e crise neste mês de março e voltar a normalizar-se a partir de abril. Para a maior parte dos especialistas, o pior da crise ficou para trás, ainda que haja rescaldo (e incerteza) pela frente.
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