Alibaba solta grana para investir no mundo, mas reserva pouco para o Brasil
Desde o início da guerra comercial entre chineses e americanos, o capital do grupo Alibaba tomou novos rumos pelo mundo. A Índia e os países do Sudeste Asiático, como Cingapura, Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã foram claramente beneficiados. O Brasil, 5º maior mercado digital do mundo, recebeu pouco, quase nada do grupo.
Segundo informações de mercado disponíveis na B3 (a bolsa de valores brasileira), a empresa paulista de meio de pagamentos Stone teve investimentos do grupo. E só. O dado é negativo pois o capital e a tecnologia do grupo chinês poderiam dinamizar a economia online do Brasil.
Consultorias de mercado estimam que o Alibaba investiu US$ 20 bilhões em 66 empresas asiáticas nos últimos três anos, entre elas estrelas como a indiana de meios de pagamento PayTM e a também indiana Zomato, uma espécie de "iFood" local.
Nos últimos 12 meses, o grupo Alibaba gerou, em vendas, o equivalente a US$ 1 trilhão, um número histórico, que seria ainda maior, não fosse o contexto global de pandemia de coronavírus. Note que "gerar vendas" (GVM) é diferente de faturar. Significa que as lojinhas dentro do marketplace Alibaba, somadas, venderam tudo isso. A "comissão" do Alibaba, que é o faturamento do e-commerce, é beeeem menor. Mesmo assim, um marco impressionante.
Um trilhão de dólares é muito dinheiro. Segundo o Fundo Monetário Internacional, dos 193 países monitorados pela instituição só 16 têm um PIB (soma de todas riquezas produzidas em um ano) que se conta em trilhão. A Holanda, por exemplo, tem PIB de US$ 914 milhões. Arábia Saudita, Suíça, Taiwan… todos ficam bem abaixo da marca trilionária.
De toda montanha de dinheiro que circulou na corporação, "só" US$ 50 bilhões vieram de operações internacionais, o chamado "cross-border", caso, por exemplo, do site AliExpress, que vende (e muito) no Brasil. Ou seja, 95% das vendas geradas são dentro da China.
Em termos percentuais pode parecer pouco, mas vender US$ 50 bilhões além-fronteiras é uma enormidade. A maior parte do dinheiro estrangeiro provém dos Estados Unidos, seguido por Índia e países do Sudeste da Ásia, como Tailândia e Indonésia.
Desde 2014, quando (finalmente) abriu seu capital e captou US$ 25 bilhões, o grupo chinês acelerou seu esforço de internacionalização, muitas vezes via aquisições.
Nos Estados Unidos, por exemplo, investiu no app de caronas pagas Lyft e no serviço de mensagens Snapchat. Mais tarde, foi a vez da startup de realidade aumentada Magic Leap e da produtora de conteúdo por streaming NewTV beneficiarem-se do dinheiro chinês.
No total, os investimentos feitos nos Estados Unidos pelo grupo representam menos de um terço dos recursos aplicados no exterior. E então veio a guerra comercial EUA-China e afetou a distribuição dos valores investidos pelo Alibaba.
O esforço de internacionalização do grupo Alibaba é um episódio interessante a ser observado, já que as corporações chinesas da economia digital ainda têm certa dificuldade em tornarem-se relevantes fora de suas fronteiras, realidade que parece em transformação.
Para efeito de comparação, a arquirrival Tencent planeja que, até 2025, ao menos 20% de sua receita venha do exterior, percentual difícil de atingir para um player tão poderoso dentro de casa, como o Alibaba.
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