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China dita tendência para novos iPhones

Felipe Zmoginski

18/09/2018 04h00


Tim Cook em momento celebridade na China: ideias chinesas interessam à Apple

O tempo em que os produtos "designed in California" eram apenas "assembled in China" parece estar ficando para trás. Pelo menos é o que se depreende das declarações que Tim Cook, executivo-chefe da Apple, fez nos últimos dias pós lançamento dos modelos XS, XS Max e XR dos smartphones da companhia americana.

Uma das grandes novidades dos novos iPhones, que rompe com um modelo consagrado pela Apple, é a admissão de dois SIM Cards (como são chamados os chips de celular) no aparelho. Originalmente, o uso de dois chips era avaliado algo como "brega" ou "popular demais" para um celular com a grife da maçã. Sabe-se que dois chips é um recurso especialmente útil para usuários de baixa renda, que usam diferentes operadoras para explorar as promoções de ligações gratuitas dentro de uma mesma rede.

Para o site chinês, iFanR, Cook não usou meias palavras. "É por causa do mercado chinês que reconhecemos a importância do dual-SIM. Admitimos que, os mesmos motivos que levam os chineses a usar dois chips, devem se repetir em outros mercados", afirmou Cook.

O episódio "dual-SIM", no entanto, é apenas um aspecto em comum entre os novos iPhones e os smartphones high-end de marcas chinesas, como o Xiaomi 8, da fabricante de mesmo nome, o Find X, da Oppo, e o OnePlus 6, da Vivo, três fabricantes chinesas que estão entre as 10 maiores do mundo, em número de dispositivos embarcados.

Embora não sejam populares no Brasil, país em que as fabricantes chinesas tem presença tímida, o OnePlus 6, da Vivo* por exemplo, é o high-end (nome dados aos produtos "topo de linha", ou altamente sofisticados) mais vendido de mercados gigantescos, como a India, ou altamente exigentes, como a Finlândia. A tela infinita em de OLED, apresentada por Tim Cook, é característica do OnePlus 6.

Já o Find X, da Oppo, tem duas câmeras traseiras de 12 MB, como os novos iPhones. Já o Xiaomi 8 possui a maior duração de bateria entre todos os celulares premium chineses, esforço similar ao anunciado por Cook com os "30 minutos a mais" de duração do novo iPhone XS.

É evidente que Apple e seus gadgets de design elegantemente encantadores ainda são uma inspiração para toda indústria de tecnologia do mundo, mas as decepcionantes atualizações dos novos iPhones, que apenas "empatam" com features já oferecidas por smartphones chineses demonstram que a balança da inovação está se movendo em ritmo acelerado para o eixo oriental. Some-se a isso o fato de a China ser um mercado ultra-competitivo, com centenas de marcas experimentando novos recursos para um universo gigantesco de consumidores. Daí, extrai-se uma máxima que que muitas companhias estão explorando: se esta ideia sobreviveu no difícil mercado chinês, pode ser uma boa para meus consumidores pelo mundo.

Não à toa, este observador da tecnologia chinesa humildemente aconselha toda a indústria: copy from China.

* A Vivo chinesa nada tem a ver com a operadora Vivo, nome do grupo espanhol Telefónica no Brasil

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Sobre o autor

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Foi fundador da Associação Brasileira de Online to Offline e secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia. Com MBA em marketing pela FGV, foi head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo.

Sobre o Blog

Copy from China é um blog que busca jogar luzes sobre o processo de expansão econômica e desenvolvimento de novas tecnologias na China, suas contradições e oportunidades. O blog é um esforço para ajudar a compreender a transformação tecnológica da China que ascendeu da condição de um país pobre, nos anos 80, para potência mundial.